14.12.06

O retrato do aborto

Leia-se no Jornal “Público” de ontem acerca do primeiro estudo de base científica sobre o fenómeno do aborto clandestino em Portugal:

“Entre 346 e 363 mil mulheres em idade fértil já terão interrompido voluntariamente a gravidez e, só no ano passado, o número de abortos oscilou entre os 17.260 e os 18 mil (…)”

“Das duas mil mulheres inquiridas, 14,5 por cento admitiram já ter feito um aborto em algum momento da sua vida. Quando se restringe a pergunta ao universo daquelas que já engravidaram, porém, a percentagem das que afirmam ter interrompido a gravidez sobe para 20 por cento, ou seja, uma em cada cinco mulheres que engravidou em algum momento da sua vida fez um aborto. Mais de metade são mulheres até aos 24 anos, apesar de a percentagem na faixa etária entre os 25 e os 34 anos ter um peso significativo (35,6 por cento).”

Estes números tornam difícil minimizar ou ignorar o peso que o aborto clandestino tem na saúde física e psíquica das mulheres em Portugal. Leia-se ainda nas páginas do Jornal que “isso permite concluir que as circunstâncias que levam as mulheres a abortar atingem todos os níveis educacionais e, portanto, todos os estratos económicos.” E ainda “o facto de 20 por cento admitir ter tido complicações após o aborto, o que é muito.”


Palavras para quê?

Por Adriana Curado

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