27.6.07

Os filhos mais velhos são mais inteligentes???

Um estudo publicado na revista Science da semana passada, realizado por investigadores noruegueses conclui que os primogénitos alcançam uma pontuação mais alta nos testes de inteligência, sendo seguidos pelos irmãos sucessores, o segundo mais velho, o terceiro mais velho, etc.

Uma das razões apontadas como das mais importantes para o «mais velho» se desenvolva intelectualmente é o facto de, durante um certo período de tempo, não dividir a atenção dos pais com mais ninguém.

«O que conta é a posição social dos irmãos e não as diferenças biológicas entre eles», sustentam os responsáveis pelo estudo.

Há ainda outros especialistas que ligam a diferença do QI ao útero da mãe, porque, a cada gravidez, a mãe produz uma quantidade maior de anticorpos, que podem afectar o cérebro do bebé.


A discussão é sempre a mesma e é velha: o que medem afinal os testes de inteligência? Ter um QI muito alto é sinónimo de ser muito inteligente? Todas as inteligências podem ser medidas?

Outra discussão é a da importância da relação precoce (inquestionável hoje) que me parece implícita neste estudo. Mais concretamente da importância da afectividade no desenvolvimento das estruturas cognitivas. O filho mais velho teria (supostamente) mais atenção, mais cuidados, não partilharia o espaço... teria mais tudo e gastaria inclusivamente os recursos maternos, o que daria em mais aptidão para responder aos testes estandardizados.

Confesso que não li o artigo, apenas o que foi noticiado e, sem querer negar as inevitáveis diferenças entre irmãos, parece-me que o estudo em causa privilegiou mais a "quantidade" do que a "qualidade" das relações e dos QI's.

Fonte: Diário Digital



13.6.07

Édipo e o enigma


"Cuadrúpedo en la aurora, alto en el día
con tres pies errando por el vano
ámbito de la tarde, así veía
la eterna esfinge a su inconstante hermano


el hombre, y con la tarde un hombre vino
que descifró aterrado en el espejo
de la monstruosa imagen, el reflejo
de su declinación y su destino.


Somos Edipo y de un eterno modo
la larga y triple bestia somos, todo
lo que seremos y lo que hemos sido.


Nos aniquiliría ver la ingente
Forma de nuestro ser; piadosamente
Dios nos depara sucesión y olvido."


Poema de Jorge Luís Borges

(Não tenho a tradução portuguesa; se alguém a tiver à mão, pode enviar-ma?)

Édipo e a Esfinge


Pintura de Jean Auguste Dominique Ingres

11.6.07

Conceitos sem intuições são vazios, Intuições sem conceitos são cegas

Esta frase que Bion foi buscar a Kant é de facto fabulosa para nos ajudar a pensar o conhecimento e é mais uma machadada no universo cartesiano. Conceitos e intuições, elementos de todo o conhecimento, unem-se onde um, a intuição, se aproxima ao objecto sensível e o outro é o entendimento que permite pensá-lo.

Ou seja, é necessário deixarmo-nos tocar pelo objecto, pela experiência, pelo outro e ao mesmo tempo tornar isso compreensível, pondo em palavras, dando nome, no fundo, pensando. "O pensar é o outro lado da experiência", para Bion, o que quer dizer "nem pensamento sem experiência, nem experiência sem pensamento", tanto na vida como na clínica. Ou como Kant disse: "O entendimento nada pode intuir e os sentidos nada pensar", os dois devem permanecer.

6.6.07

com Mestre

"Não há comunidade, crença, disciplina ou ofício sem Mestres e discípulos, professores e aprendizes. O conhecimento implica transmissão. No progresso e na inovação, ainda que radicais, o passado torna-se presente. Os mestres protegem e impõem a memória, Mãe das Musas. Os discípulos reforçam, difudem ou traem as forças pessoais e sociais da identidade."

George Steiner, As Lições dos Mestres

3.6.07

Paul Watzlawick (1921-2007)

Espinosa citando Cícero dizia que a “Natureza tem horror ao vazio”. Há em nós e em todas as coisas uma irreprimível necessidade de construir sentido e não só um, mas vários, tantos mais quantos forem os observadores e as vontades.

Morreu Paul Watzlawick para quem “a ilusão mais perigosa de todas é a de que existe apenas uma realidade” ou um único sentido.

1.6.07

O sentido das palavras

"Uma língua tem de particular o facto de ser uma casa imensa, com portas e janelas sem caixilhos, abertas em permanência para o universo; é um país sem fronteiras, sem polícia, sem Estado, sem prisões. A língua não pertence a ninguém em especial, está disponível, é maleável, viva, cruel, magnífica, e vê-se repleta de mistérios."
in Le Monde Diplomatique, Maio