26.2.07

Experimentum mundi

No nosso mundo estamos a fazer muitas experimentações, como dizem muitos cientistas, com o clima, com a atmosfera, com a terra e não sabemos bem no que isso vai dar. Antigamente, a terra era herdada dos antepassados. Estava fixal, nós alterávamos pequenas coisas. o mundo em que vivemos hoje é construído e reconstruído cada vez mais por nós. Sem sabermos o suficiente para o fazermos correctamente.

As ciências da vida, da mente, do cérebro estão atraídas cada vez mais para as transformações do ser humano. Todas as suas componentes vitais - genética, somática, psíquica, cerebral, neurónica - estão em jogo, como alvos.

(as experimentações) Sobre o homem. A repotenciação do homem. A transformação do homem, em várias direcções. Ou talvez outros modos de existência, não biológica.

No pensamento tecnológico contemporâneo querem ligar a tecnologia à transcendência. Através da imortalidade talvez biológica, pós-biológica. (...) Uma pessoa é a soma dos seus pensamentos. (...) é a soma das suas amizades, das suas relações pessoais. Nesse sentido, penso muitas vezes que há uma comunidade de pessoas, vivas, mortas, futuras, uma espécie de sombra cósmica da nossa espécie, pode ter vários estatutos de existência. (...)

As civilizações, as culturas deixaram de estar isoladas. hoje a tecnologia é planetária. O que acontece envolve todo o planeta. É o todo humano.

Este projecto de transformação do homem (tecnologia da inteligência humana) já vem do último quartel do séc. XIX. E nunca parou. Houve certos avanços na Alemanha nazi, que ficaram mal vistos. Mas hoje pode-se falar em eugenia, que já é perfeitamente aceite...`

É preciso evitar as derrapagens ou conter os "Frankensteins"? Sim, pode dizê-lo. Mas no passado não era preciso controlá-la porque o escopo espacio-temporal das acções que fazíamos era limitado. Hoje há uma potência de acção que desconhecíamos.

Diz-se que a quase inevitável destruição do planeta neste século será resolvida pela ida para outro planeta. Isso traduz uma solução de desprezo pelos humanos. Estamos embarcados numa nave e agora o único modo de salvação é atirar alguns de nós borda fora? É extremamente imoral. Temos de conviver como um todo e sobreviver. Isso é um sucedâneo do racismo. Antigamente achava-se que as raças inferiores deviam desaparecer. Agora pensa-se que nos vamos dividir entre os que podem e os que não podem ser salvos.

Revista Pública

Entrevista, conduzida por Adelino Gomes, a HERMÍNIO MARTINS

Por Ana Lopes

22.2.07

"se há vida em ti a latejar"...

A vida é, de facto, muito mais surpreendente do que a ficção. Já o disse neste blog, em tom irónico, mas desta vez é com espanto e entusiasmo que trago esta notícia que saíu no Público de ontem, 21 de Fevereiro, que anuncia a alta do bebé mais prematuro do mundo.

Durante o meu estágio clínico tive o prazer de fazer algumas horas de observação de bebés prematuros na unidade de intervenção precoce da Matenidade Bissaya Barreto. Lembro-me muito bem da fragilidade dos bebés internados e do meu espanto perante um deles, um valente que lá estava, tão pequeno, a respirar a plenos pulmões numa luta tremenda pela vida. Nunca soube se ele teve a sorte e a persistência da Amillia, mas aquele respirar merecia uma vida plena.


"Amillia, o bebé mais prematuro de sempre, está prestes a sair do hospital bem de saúde
21.02.2007, Clara Barata


Tinha apenas 22 semanas de gestação e trinta por cento de hipóteses de sobreviver
quando foi obrigada a abandonar a barriga da mãe
a Quando nasceu, Amillia tinha o tamanho de uma caneta. Tinha passado apenas 22 semanas no útero materno e media uns escassos 24 centímetros. Pesava 284 gramas. Os médicos tinham pouca esperança de a salvar: nunca um bebé nascido com menos de 23 semanas e 400 gramas tinha sobrevivido. Mas Amillia fez um risco por cima das sentenças de morte anunciada: ontem estava para ter alta do Hospital Baptista para Crianças de Miami (EUA), onde se encontrava desde que nasceu, a 24 de Outubro. A saída acabou por ser adiada, mas o prognóstico dos médicos continua a ser "excelente" e em breve deverá ir para casa com os pais, Sonja e Eddie Taylor, segundo a CNN.
Durante as primeiras seis semanas, a mãe não pôde sequer pegar em Amillia ao colo, tão frágil era. Ainda não conseguia respirar bem, porque os pulmões não estavam completamente formados. Mas, ao sair da barriga da mãe (por cesariana), respirava sem assistência e tentou chorar.
Pelo padrão médio de desenvolvimento intra-uterino, pode dizer-se que as pálpebras de Amillia estavam a começar a rasgar-se, para que pudesse abrir os olhos. Cuidar de um bebé tão imaturo foi como navegar em águas desconhecidas: "Nem sabíamos qual a tensão normal para um bebé tão pequeno", comentou o neonatologista William Smalling, citado pela AP.
Teve uma hemorragia cerebral ligeira e problemas digestivos, mas que não devem ter consequências para a sua saúde.
Agora está a chegar aos dois quilos e tem 66 centímetros: "Pode deitar-se num berço normal e mamar de um biberão", disse Smalling. "Para mim, até parece gorducha", confessou a mãe.
Amillia foi criada através de fertilização in vitro, ou seja, os espermatozóides do pai e o óvulo da mãe foram "apresentados" num pratinho de laboratório. Só depois de fertilizado, o óvulo foi transferido para o útero.
Estes tratamentos podem ser uma espada de dois gumes: por um lado, permitem a casais inférteis ter filhos. Mas têm riscos, como o parto ser prematuro. É pior se forem gémeos: 61,7 por cento dos gémeos criados com técnicas de fertilização nascem antes do tempo, diz um relatório do Instituto de Medicina das Academias de Ciências dos EUA, divulgado no Verão.
A duração normal de uma gravidez é de 40 semanas (Amillia teve pouco mais de metade desse tempo). A designação de "prematuro" é usada para bebés que nasçam antes das 37 semanas e, nos EUA, cerca de 12 por cento nascem nesse período. Quanto menos peso têm à nascença, menos desenvolvidos estão os órgãos e mais riscos têm de sofrer complicações, como paralisia cerebral, atraso mental, problemas de pulmões e gastrointestinais, ou perda de visão e audição.
Nos últimos 20 anos, novos tratamentos para a infertilidade têm andado a par com o aumento da sobrevivência dos prematuros. A estimativa da Associação Americana de Pediatria para a sobrevivência de um bebé com menos de 23 semanas e 400 gramas era só de 30 por cento. "Talvez tenhamos de reconsiderar os limites, depois de Amillia. Ela é mesmo um milagre""

Por mjoaoregala

21.2.07

A caminho de uma eugenia liberal?

O futuro da natureza humana - a caminho de uma eugenia liberal?, jürgen Habermas (2006) Almedina

Por Ana Lopes

Liquid Love, Zygmunt Bauman (n. 1925)

Amor Líquido - Sobre a Fragilidade dos Laços Humanos (2003)

Apaixonar-se e desapaixonar-se

A afinidade nasce da escolha e nunca se corta esse cordão umbilical, e a menos que a escolha seja reafirmada diariamente e novas acções continuem a ser empreendidas para a confirmar, a afinidade vai definhando, murchando e deteriorando-se até se desintegrar. A intenção de manter a afinidade viva e saudável prevê uma luta diária e uma vigilância sem descanso. Para nós, os habitantes deste líquido mundo moderno que detesta tudo o que é sólido e durável, tudo que não se ajusta ao uso instantâneo nem permite que se ponha fim ao esforço, tal perspectiva supera toda a capacidade e vontade de negociação.

Por Ana Lopes

20.2.07

Sem dor, como é?

Viver sem dor, como é? Viver sem nunca ter sentido dor, como é? Se isto for possível, como será o psiquismo "organizado" sem dor? Será necessariamente diferente daquele que concebemos na actual teoria psicanalítica? Que será do princípio de prazer-desprazer? E do princípio da realidade? E a modificação da frustração que instaura a capacidade para pensar onde fica?


No passado mês de Dezembro, a revista Nature publicou um estudo sobre seis indivíduos no Paquistão que não sentem dor, apesar de serem capazes de sentir tudo o resto (tacto, pressão, noção de posição). Estes indivíduos, sem usufruírem do carácter adaptativo da dor, expõem-se frequentemente a ferimentos e fracturas graves. Os investigadores descobriram que esta ausência de dor se deve a uma mutação genética, que altera o funcionamento de um canal de sódio específico, que impede que o cérebro receba o alerta de dor. É certo que se referem aqui à dor física, mas será que a dor psíquica não percorre os mesmos caminhos no cérebro? Será que a dor física e a dor psíquica são completamente distintas? Haverá uma dor puramente física e outra puramente psíquica? Penso que não. Seria importante que este estudo se estendesse ao funcionamento psicológico destes indivíduos e não ficasse apenas pela possibilidade de se desenvolver novos medicamentos analgésicos.

Por Adriana Curado

14.2.07

Portugal é último em bem-estar educativo

Lista da UNICEF

Portugal ocupa o fim da tabela em matéria de bem-estar educativo mas está à frente da Áustria, Hungria, Estados Unidos e Reino Unido na classificação geral, revela um relatório da UNICEF

De acordo com o estudo sobre O bem-estar das crianças nos 21 países da OCDE, realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Portugal surge ainda nos últimos lugares em matéria de bem-estar material das crianças. Este é medido, nomeadamente, pela percentagem de crianças que vivem em lares com rendimentos inferiores em 50 por cento à média nacional mas também pela percentagem de crianças que declaram que têm menos de dez livros em casa (Portugal surge no fim deste gráfico), ou que têm na família um adulto desempregado.

Pior nesta dimensão do bem-estar material só os Estados Unidos, Reino Unido, Irlanda, Hungria e Polónia (que ocupa a última posição).

Baseado neste critério, a pobreza infantil relativa mantém-se acima dos 15 por cento em Portugal, Espanha e Itália, e em três países anglófonos (EUA, Reino Unido e Irlanda).

Os seis critérios tidos em conta neste relatório sobre a felicidade das crianças são o bem-estar material, saúde e segurança, educação, relações com a família e com as outras crianças, comportamentos e riscos e bem-estar subjectivo.

Na classificação geral, que atende aos seis critérios do bem-estar da criança, o relatório da UNICEF situa Portugal no fim da tabela mas com desempenhos melhores do que a Áustria, Hungria, Estados Unidos e Reino Unido (este último no fim da tabela).

Os países europeus estão à frente da classificação geral para o bem-estar das crianças e são da Europa do Norte as nações que ocupam os quatro primeiros lugares do quadro de honra, com destaque para a Holanda e a Suécia classificadas.

A Bélgica e o Canadá lideram a tabela do bem-estar educativo das crianças, em que Portugal surge em último lugar.

A UNICEF nota, a propósito do bem-estar educativo, medido entre outros, por critérios de literacia e bom desempenho em matemática e ciências, que as crianças que saem da escola e não têm formação vocacional ou emprego «correm indubitavelmente maior risco de exclusão e marginalização», consequência que considera preocupante para os países do fundo da tabela.

«Não há relação directa entre o nível de bem-estar das crianças e o PIB por habitante», nota ainda o relatório da UNICEF. A República checa, por exemplo, «obtém uma melhor classificação geral do que vários países nitidamente mais ricos como a França, a Áustria, os Estados Unidos e o Reino Unido», salienta o relatório.

A comparação entre os países mostra que todos têm carências que precisam de colmatar em relação a alguns critérios. A Holanda é o país campeão na felicidade que proporciona às suas crianças, apesar de dar um nível de bem-estar que a UNICEC classifica de medíocre.

A Suécia, que lidera o bem-estar material, tem de fazer progressos para melhorar a relação das crianças com a família e as outras crianças, um factor de bem-estar no qual a Itália surge em primeiro lugar.

Este critério de convívio conta, nomeadamente, para a percentagem de crianças que vivem em famílias monoparentais ou para famílias reconstituídas, que declaram tomar a principal refeição do dia com os pais mais de uma vez por semana ou que os seus pais têm tempo de conversar com eles.

Os «níveis de bem-estar da criança não são inevitáveis, antes são condicionados por políticas», sublinha a UNICEF que quer fazer do seu relatório «um guia elementar e realista de melhoria possível para todos os países da OCDE».

Lusa/SOL

Por Ana Lopes

8.2.07

Ciclo de seminários de Musicoterapia

Ciclo de seminários de Musicoterapia

A Associaçao Portuguesa de Musicoterapia vai promover um Ciclo de
seminarios de Musicoterapia durante o ano 2007, que conta com o apoio da Camara Municipal de
Lisboa.
Este ciclo incluirá cinco seminários teórico-práticos e tem como objectivo sensibilizar e informar a comunidade profissional e o público em geral sobre as aplicaçoes da Musicoterapia que mais procura têm tido por parte das
intituiçoes de intervençao social em Portugal.

Enviamos em anexo a informaçao sob o Ciclo de Seminarios de Musicoterapia, e aproveitamos para comunicar o endereço da nossa nova pagina web:

www.musicoterapia.com.sapo.pt

Por Ana Lopes

Curso Primaveril de Terapias Mediadas

Sociedade Portuguesa de Arte-Terapia


Integrando o Ciclo da Natureza – o início da Primavera – a SPAT, pretende organizar um espaço de reflexão e formação, criando um curso vivencial de Técnicas Terapêuticas mediadas pelas Artes.


Objectivos

Aquisição de competências de procedimentos terapêuticos próprios a:

Arte-Terapia, Marionetas, Biodança, Tabuleiros de Areia, Dramaterapia, Psicodrama, Musicoterapia e Psicocorporal.



Calendarização

O Curso prevê 4 encontros – com 8 temáticas – (um fim-de-semana por mês – Sábado/Domingo) durante os meses de Março (dias 24 e 25), Abril (dias 21 e 22), Maio (dias 19 e 20) e Junho (dias 23 e24).


Duração: 56 horas de Formação.



Destinatário

Técnicos de Saúde, Psicólogos, Educadores, Técnicos de Reinserção Social e de Intervenção Comunitária, Psicoterapeutas e Terapeutas, Finalistas de Psicologia e áreas das Ciências Sociais e Humanas.


Local de Realização

Sítio do Barcal, nº5 – Monsanto - Lisboa

Em direcção ao Parque da Serafina, no Largo da São Domingos de Benfica, na rua que acompanha a parede do lado direito do Palácio da Fronteira.


Custo Total do Curso: 300,00 Euros

O pagamento pode ser feito integralmente ou em 2 cheques de 150,00 € cada, sendo o primeiro cheque no acto da inscrição e o segundo para o dia 1 de Março de 2007.


Informações e Inscrições

Sociedade Portuguesa de Arte-Terapia

Campo Grande, 30 – 10º C – 1700-093 Lisboa

Tel. 21 797 18 59 spat@oninetspeed.pt www.arte-terapia.com

COMEMORAÇÃO DO 10º ANIVERSÁRIO DA SPAT

Por Ana Lopes

XXII Jornada de Psicoterapia Psicanalítica da Criança e do Adolescente

Dia 9 de Março 2007 (sexta-feira)-19H
CONFERÊNCIA:La souffrance chez l’enfant: vivre ou survivre? (entrada livre)
CONFERENCISTA: JEAN BÉGOINJean Bégoin é Médico, Psiquiatra e Psicanalista. Foi membro fundador com outros colegas do GERPEN, um grupo de estudos psicanalíticos da criança e do recém-nascido, que trabalhou com Donald Meltzer, Martha Harris, Esther Bick e Frances Tustin. Tem ao longo de vários anos orientado Seminários sobre a observação psicanalítica do bebé e também dirigido Seminários de Formação de Analistas de crianças e adolescentes. Publicou numerosos artigos clínicos em diferentes revistas de Psicanálise e Psicologia Clinica. Publicou um livro do Traumatismo do Nascimento à Emoção Estética (Conferências Psicanalíticas em Lisboa) da Fenda. Nos últimos dez anos Jean Bégoin tem investigado os problemas do Sofrimento e do Crescimento Psíquico. Contactos:
www.appij.com | geral@appij.com

Por Ana Lopes