30.1.08

Arte poética



Mirar el río hecho de tiempo y agua
y recordar que el tiempo es otro río,
saber que nos perdemos como el río
y que los rostros pasan como el agua.

Sentir que la vigilia es otro sueño
que sueña no soñar y que la muerte
que teme nuestra carne es esa muerte
de cada noche, que se llama sueño.

Ver en el día o en el año un símbolo
de los días del hombre y de sus años,
convertir el ultraje de los años
en una música, un rumor y un símbolo,

ver en la muerte el sueño, en el ocaso
un triste oro, tal es la poesía
que es inmortal y pobre. La poesía
vuelve como la aurora y el ocaso.

A veces en las tardes una cara
nos mira desde el fondo de un espejo;
el arte debe ser como ese espejo
que nos revela nuestra propia cara.

Cuentan que Ulises, harto de prodigios,
lloró de amor al divisar su Itaca
verde y humilde. El arte es esa Itaca
de verde eternidad, no de prodigios.

También es como el río interminable
que pasa y queda y es cristal de un mismo
Heráclito inconstante, que es el mismo
y es otro, como el río interminable.

Jorge Luis Borges

22.1.08

O que se pensa e o que se pensa sobre o que se pensa


Esta é uma altura de mudança. Como tantas outras documentadas na história de cada um, na história das sociedades, na história do mundo.
Estamos a mudar e pronto. Alguns dirão "mas a mudar estamos sempre...".
Pois concerteza que sim.
Há mudanças e mudanças, no entanto. Umas sentem-se mais que outras, cum raio! E esta, devo dizer, faz-se sentir com firmeza.

Daí que, numa tentativa frustre mas não improdutiva de adaptação, ou acomodação, como lhe queiramos chamar, tenho pensado sobre como pensar o que ando para aqui a pensar.
Ocorreu-me que, se há uma mudança significativa a considerar na realidade que me rodeia, então não poderei fazer uso apenas do meu pensamento tal como o usei até agora. Se novos esquemas, soluções, concepções e olhares sobre o mundo são desejados então terei que fazer alguma ginástica mental, mudar de ritmo, olhar de esguelha, usar novos espelhos, lupas ou estetoscópios.

Foi no meio de todo este embrulho que me deparei com a crónica O fantasma do Natal analisado, escrito por Ricardo Araújo Pereira.
Deste texto retiro alguns parágrafos para ilustrar, com humor, assim espero que o sintam, o meu ponto de partida que, apresentando-se como um fim - pensar sobre o como pensamos algo -, pretende ser apenas um começo discussão e possibilidades.
Que valham os dois personagens - o moralista e o moralista que pretende moralizar os moralistas para que deixem de moralizar - pelas questões sobre as quais nos debruçamos diariamente, numa abordagem a dois tempos, visão de entendimento binário.

"Basicamente, há dois tipos de crónica natalícia: a moralista e a moralista que tenta moralizar os moralistas para que deixem de moralizar. Na primeira categoria estão todas as crónicas alguma vez escritas sobre o Natal; na segunda, encontra-se esta, cuja solidão se explica, provavelmente, pela sua profunda complexidade. (...)
"Repare: se a crónica pretende moralizar os moralistas para que deixem de moralizar, está a falhar à partida o seu objectivo, que é fazer com que se deixe moralizar, uma vez qu ela própria moraliza. (...)
"A crónica natalícia moralista costuma apresentar duas ou três críticas recorrentes. Uma diz respeito ao consumismo acéfalo das pessoas. (...) O consumismo acéfalo dos outros é repugnante, sobretudo na medida em que me impede de praticar o meu. (...)
"Outra crítica: a vontade artificial de sermos bondosos, que é tão hipócrita porque dura apenas uma semana e desaparece no resto do ano. A verdade é que a preocupação dos cronistas com a hipocrisia é igualmente hipócrita, porque também dura apenas uma semana e desaparece no resto do ano. (...)
"Pois eu digo: que se lixem os moralistas."

Ocorre-me agora que um dos possíveis aliados à construção de novos esquemas e possibilidades de pensamento, criação de novas hipóteses teóricas, poderá ser o nonsense.
Um pouco à semelhança da associação livre, em contexto psicanalítico, via para uma descoberta interna mais e mais abrangente, enriquecida e complexa, o recurso ao nonsense serviria como via de acesso a um pensamento ampliado e enriquecido.

Exploremos as ferramentas vizinhas de nós, com gozo. Pensar tornar-se-á colorido e ritmado, por oposição a preto e branco - isto, numa lógica binária, a dois tempos.

15.1.08

conferências pela associação psicanalítica de madrid

Curso :
“ FUNDAMENTOS DEL PSICOANÁLISIS Y DESARROLLOS TEÓRICOS ACTUALES” (de Janeiro a Junho, 2008)

CONFERêNCIAS
Janeiro (2008)
Quarta, 16 (20,30 h)
“Los orígenes del Psicoanálisis. Una perspectiva histórica”
Milagros Cid, M.T. (APM)
Miércoles día 23 (20,30 h)
“Los sueños”
Sabin Aduriz, M.T. (APM)
Miércoles día 30 (20,30 h)
“Psicopatología de la vida cotidiana”
Jaime Szpilka, M.T. (APM)
Fevereiro (2008)
Miércoles día 6 (20,30 h))
“Teoría del Inconsciente”
Carlos Sopena, M.T. (APM)
Miércoles día 13 (20,30 h))
“Teoría pulsional”
Carlos Padrón , M.T. (APM)
Miércoles día 20 (20,30 h))
El objeto en Psicoanálisis”
Francisco Granados , M.T. (APM)
Miércoles día 27 (20,30 h)
“Mecanismos de defensa”
Raúl Fernández Vilanova, M.T. (APM)
Março (2008)
Miércoles día 5 ((20,30 h)
“Teorías de la angustia”
Rafael Cruz Roche, M.T. (APM)
Miércoles día 12 (20,30 h))
“La sexualidad infantil”
Francisco Muñoz, M.T. (APM)
Miércoles día 26 (20,30 h)
“El narcisismo”
Enriqueta Moreno, M. T. (APM))
ABRIL (2008)
Miércoles día 2 (20,30 h)
“La identificación”
Teresa Olmos, M.T. (APM)
Miércoles día 9 (20,30 h)
“El síntoma en Psicoanálisis”
Norma Tortosa, M.T. (APM)
Miércoles día 16 (20,30 h)
“El trauma en Psicoanálisis”
Milagros Oregui, M.T. (APM)
Miércoles día 23 (20,30 h)
“Realidad material-realidad psíquica
María Hernández, M.T. (APM)
Miércoles día 30 (20,30 h)
“El proceso psicoanalítico: transferencia-contratransferencia”
Patricia Grieve, M.T. (APM)
MAiO (2008)
Miércoles día 7 (20,30 h)
“La escucha psicoanalítica”
Manuela Utrilla, M.T. (APM)
Miércoles día 14 (20,30 h)
“Cambio psíquico: Interpretación-construcción”
Guillermo Onrubia, M.T. (APM)
Miércoles día 21 (20,30 h)
“Resistencia al cambio: actino out actino in, impasse”
Ángeles de Miguel, M.T. (APM)
Miércoles día 28 (20,30 h)
“Psicoanálisis y Psicoterapia”
Silvia Pérez Galdós, M.T. (APM)
JUNIO (2008)
Miércoles día 4 (20,30 h)
“La formación del psicoanalista”
Mª Luisa Muñoz, M.T. (APM)

No mínimo, estranho...

Um investigador da Universidade Fernando Pessoa no Porto, Freitas-Magalhães, concluiu que os bebés entre os quatro e oito meses são incapazes de distinguir "emoções básicas" como a alegria e a cólera. Esta conclusão é no mínimo estranha e no máximo perigosa se ficar sem resposta.

Como se pode ignorar assim mais de um século de psicologia e de psicanálise? Como se pode ignorar também as mais recentes teses das neurociências que vão no mesmo sentido do que a psicanálise vem dizendo desde o início do século sobre os afectos, a relação precoce e todo o desenvolvimento humano?

O investigador chega a esta estranha conclusão após exibir, no artificialismo da situação experimental, fotografias supostamente contendo "emoções básicas" a 40 meninos e meninas.

Estranho é também que este senhor vá receber um prémio por esta investigação inédita!

Ai tanta cegueira experimental!

Notícia do Público de 14 de Janeiro

14.1.08

A capacidade de estar só

"Saiba o homem partir só para a aventura da vida; e então o ponto de encontro com o outro será um pacto de solidariedade e não um laço de escravidão. Mas para isso terá de aprender, de treinar, a capacidade de estar só. Apenas a partir daí será um homem livre, produtivo e criador."

(António Coimbra de Matos)

11.1.08

II Congresso Luso-Brasileiro Revisitado

18 e 19 de Janeiro de 2008
Aula Magna da Faculdade de Medicina de Lisboa
Organização - Instituto de Psicanálise

"Psicanálise e Processos de Mudança - Individuo, Sociedade e Cultura"

Programa: 18 de Janeiro

14h00 - Abertura do Secretariado

14h30 - Sessão de Abertura

14h45 - Conferências:

A FUNÇÃO da PSICANÁLISE na RESSIGNIFICAÇÃO de VÍNCULOS PRÉ-EXISTENTES e na CONSTRUÇÃO de NOVAS LIGAÇÕES
Conferencistas: António Coimbra de Matos
Comentário: Celeste Malpique
Presidente: Luísa Branco Vicente

16h00 - Pausa

16h30 - Mesa Redonda:

O SIGNIFICADO da CURA na PSICANÁLISE HOJE TRANSFORMAÇÕES e CONSTRUÇÕES no PROCESSO ANALÍTICO
Conferencistas: Ana Marques Lito, Catarina Neves, Vasco Santos, António Mendes Pedro Moderadora: Isabel Consciência

18h30 - Fim dos Trabalhos
_________________________________

19 de Janeiro

09h00 - Mesa Redonda:

CONTRIBUIÇÕES TEÓRICO-TÉCNICAS e OBSTÁCULOS na CLÍNICA com PACIENTES de DIFÍCIL ACESSO
Conferencistas: Eduardo Sá, João Salvado Ribeiro, Mª Conceição Oliveira, Teresa Fragoso Moderadora: Isabel Prata

11h00 - Pausa

11h35 - Conferências:

CONFRONTAÇÕES e RESISTÊNCIAS à PSICANÁLISE na CONTEMPORANEIDADE Conferencistas: Luísa Branco Vicente
Comentário: Ana Almeida

CONTEXTO SÓCIO-CULTURAL e CONSTRUÇÃO SUBJECTIVA
Conferencistas: Maria Antónia Carreiras
Comentário: Mª Rosário Belo
Presidente: Manuela Pereira

13h00 - Almoço

14h45 - Mesa Redonda:

AVANÇOS e DESAFIOS no TRATAMENTO PSICANALÍTICO de CRIANÇAS e ADULTOS Conferencistas: Isabel Margarida Pereira, Rosina Pereira, Isabel Costa, Carlos Vieira
Moderadora: Isabel Almeida

16h30 - Pausa

14h45 - Conferências:

MARCAS IDENTIFICATÓRIAS da PSICANÁLISE LUSO-BRASILEIRA - CONFLUÊNCIAS e DIVERGÊNCIAS TEÓRICO-CLÍNICAS
Conferencistas: Carlos Amaral Dias
Comentário: Carlos Farate
Presidente: José de Abreu Afonso

18h30 - Encerramento

Profissionais: 50€ (cinquenta euros)
Estudantes: 40€ (quarenta euros)
Sócios da SPP: 40€ (quarenta euros)

Para se inscrever preencher a ficha disponível no site oficial da Sociedade Portuguesa de Psicanálise http://www.sppsicanalise.pt/ e enviar para a morada:

Instituto de Psicanálise
Av. da República, 97 - 5º
1050-190 Lisboa

10.1.08

Shhhhhhhhh


Escolhemos quando conhecemos.
Conhecemos quando olhamos, lemos, ouvimos.
Aprendemos quando fazemos as perguntas certas. As quais só podemos elaborar quando algo se tornou compreensível/acessível para nós (como dizia João dos Santos "Se não sabe, porque é que pergunta?").
Erramos e aprendemos com o outro, numa partilha ampla de diferentes olhares.
Contestamos o que se nos apresenta claro e com o qual não concordamos. Ou contestamos a falta de clareza.
Aplaudimos o que nos encaixa; regozijamo-nos com descobertas.
Temos esperança no encontro de caminhos. Outros que os façam ou fazemo-los com eles, lado-a-lado, à frente ou no carro vassoura.
Num excesso de informação, invade-nos a saturação; já não vemos quando olhamos, ouvimos ruído, e as letras atropelam-se nas palavras.
Shhhhhhhhhhhh
Paramos e começamos de novo, com parcimónia.

Tenho ouvido a Radio Europa ( http://www.radioeuropa.fm/index_17.html ) com o prazer da descoberta, por vezes da estupefacção ou do arrelio.
Gostei de a descobrir pois traz-me, por vezes, o que não encontro noutras rádios e jornais.

Fica a sugestão: http://www.radioeuropa.fm/index_17.html