29.12.08

Optimismo

Numa altura em que todas as previsões para 2009 são pessimistas, quero deixar-vos aqui um pequeno texto dos idos anos 80 da autoria de Miguel Esteves Cardoso. Acho que é muito certeira esta análise.

Nem o optimismo nem o pessimismo portugueses foram bem compreendidos. Faltava reparar na característica essencial do optimismo português: nomeadamente,que ele não visa nem o presente nem o futuro. Não. O optimismo português faz-se sentir exclusivamente em relação ao passado. É, numa palavra, retroactivo.
Todos nós o sabemos e sentimos: no fundo, acreditamos que o passado vá melhorar para todos nós. Cada dia que passa, o passado torna-se mais desejável. Lá, há um lugar para todos os portugueses. Nunca chove, nunca inflaciona, nunca falta alegria.
Há séculos que os portugueses se empenham em preparar e construir um Passado digno para os bisavós. É por isso que os profetas dos portugues são os historiadores, e as utopias nacionais nada têm a ver com amanhãs - foram ontem.
(...)
Em 2003, 1983 será um dos melhores anos das nossas vidas, e 2003 será, sem dúvida, o pior de sempre. É preciso, por isso, esperança: basta esperarmos vinte anos para vermos quanto estamos felizes e bem servidos neste ano de 1984.


É só esperar... bom ano!

22.12.08

L' enfant du mirroir

A partir du moment ou l' enfant se situe dans un lieu, il entre en échange avec un autre. C' est ça faire parler un dessin et non pas commenter son contenu (...) Non, on ne raconte pas un dessin d' enfant, c' est l' enfant lui-meme qui se raconte à travers le dessin.

"L' enfant du mirroir", Françoise Dolto et J.-D. Nasio

9.12.08

Simpósio "Educação para os Direitos Humanos em Portugal: ver o presente, pensar o futuro"

A rEDHe - rede de Educação para os Direitos Humanos - tem o prazer de vos convidar a participar no Simpósio "Educação para os Direitos Humanos em Portugal: ver o presente, pensar o futuro" a decorrer em Lisboa nas instalações da associação ZDB, no Dia 10 de Dezembro de 2008, a partir das 9h.

Este encontro será uma oportunidade de encontrar educadores/as, professores/as, animadores/as, activistas, formadores/as, coordenadores/as de projectos, dirigentes associativos ligados/as à Educação para os Direitos Humanos e providenciará momentos de debates, reflexão, partilha e troca de experiências, mostra de ferramentas e materiais pedagógicos e exemplos de boas prácticas sobre esta temática.

Será também uma forma de festejar o 60º Aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

A Taxa de participação é de 5€.
Confirmem a vossa participação até o dia 9 de Dezembro, escrevendo o vosso nome, contactos e organização a redhe.portugal@gmail.com

A equipa organizadora
Ana Isabel Xavier, Nuno Silva, Sónia Breda, Laura de Witte e Carina Lourenço

4.12.08

As maravilhas da escrita criativa

A partir das palavras Winnicott em “O Espaço Potencial”, fiz este poema. Cortado o texto em pedaços (à tesourada mesmo, quadradinhos pequeninos), ficando as palavras dispersas, desgarradas umas das outras, deu nisto. Podemos começar a pensar em cortar textos de Freud ou do Bion mesmo e ver no que dá. Alguém quer experimentar?

O poeta
ao mesmo tempo, ele próprio
a criança
investe à grande no jogo
sem noção
toma lugar
cria sentido
ele próprio como se a oposição
à sua volta
séria e ilusória
ele próprio é
criador
sem propósito
é expressão ou tradução
numa longa brincadeira
passa da maturação
é processo e conteúdo
separa
articula
e reconhece.
O poeta, ele próprio
ao mesmo tempo cria espaço
entre o eu e não-eu.
O brincar é soberano…

Aproveito para vos convidar a aparecerem na Feira Social e da Saúde, em Aveiro, onde a Associação Oficinas Sem Mestre estará representada, entre os dias 5 e 7 de Dezembro, no novo parque de feiras.

2.12.08

Si uno pudiera ser un piel roja, siempre alerta, y sobre un caballo que cabalgara veloz, a través del viento, constantemente estremecido sobre la tierra temblorosa, asta quedar sin espuelas, porque no hacen falta espuelas, asta perder das riendas, porque no hacen falta riendas, y que en quanto viera ante sí el campo como una pradera rasa, hubieran desaparecido las crines y la cabeza del caballo.
Franz Kafka, Wunsch, Indianer zu werden