25.3.08


Ontem conheci um senhor sueco que me falou, de uma forma muito solta, como convinha ao ambiente de café em que nos encontrávamos, do sistema político em vigor na Suécia. Directrizes reguladoras do sistema de saúde, contribuições com linhas sociais orientadoras, etc.
Como de costume, porque passados anos já se pode considerar hábito, estas informações, aparentemente corriqueiras, deixaram-me aquele sempreigual zumbido e atordoamento para o qual não tenho mão nem ordem. E assim fiquei, deitando o assunto para o esquecimento, passadas as horas.

Hoje cedo, após o rápido mas substancial pequeno-almoço que sempre tomo, dei por mim a ler, fruto de uma escolha ao acaso, o seguinte artigo.

Um deputado certamente desocupado entregou no Parlamento uma proposta que me proíbe de furar a língua, a cavidade bocal, ou qualquer parte do corpo na proximidade de vasos sanguíneos, nervos e músculos.

Escreve Alexandra Lucas Coelho (A língua de Sócrates, Viagens com bolso em ípsilon, sexta-feira 21 de Março 2008)

(...)o desocupado deputado declarou que "o Estado tem obrigação de zelar pela saúde dos cidadãos".
Ele disse zelar? O Estado zela por serviços, por organismos, pelo cumprimento das leis, de acordo com a Constituição. No dia em que o Estado possa zelar por mim está na hora de mudar de Estado ou passar à luta armada. A liberdade do Estado acaba onde começa a minha liberdade, tal como a minha liberdade acaba onde começa a dos outros. (...) bastou algum impacto e na segunda-feira o PS já admitia voltar atrás. (...)
Mas quanto tempo e dinheiro públicos gastos. (...)
É em nome de cada vida que o Estado existe. Uma vida será sempre maior do que o Estado e o bom Estado é aquele que não sabe o que faço com a minha vida.


E termino as leituras, no referido torpor e azamboamento, sem saber muito bem...
Se o Estado somos nós, onde é que nós estamos enquanto tudo isto decorre?

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