22.3.08

Festa da Primavera e Dia Mundial da Poesia

Quando estudava em Coimbra, neste dia saía-se para a rua com flores no cabelo e comia-se cá fora, em festa. A poesia não se procurava nos livros porque estava ali mesmo, confundida com tudo. Já na altura gostava do Manoel de Barros, mas ouvia-o da boca de amigos, não o conhecia editado nem exposto na zona de destaque da Fnac.

Hoje, trago debaixo do braço este 'Compêndio para uso dos pássaros'. A poesia da rua habita cada página.




'POESIA


A poesia está guardada nas palavras- é tudo o que

eu sei.

Meu fado é o de não saber quase tudo.

Sobre o nada eu tenho pofundidades.

Não tenho conexões com a realidade.

Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.

Para mim poderoso é aquele que descobre as

insignificâncias (do mundo e as nossas).

Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.

Fiquei emocionado e chorei.

Sou fraco para elogios.'


( Manoel de Barros )





Maria João Regala

1 comentário:

claire de la lune disse...

Lido ao sabor de uma bela feijoada na Rua das Matemáticas com um copo de sangria na mão e uma coroa de flores no cabelo deve aproximar-se ligeiramente da definição de êxtase total..