29.5.07

O trabalho invisível


Ingredientes: Uma professora de matemática que não se contenta em ser professora e ensinar matemática, e por isso é também, nesta história, um pouco fada. Um teatro que a cada dia expande o conceito de teatro. Um punhado de adolescentes que ainda não sabia ser um grupo. E um bailarino disponível para o espanto.
E depois, o trabalho invisível: a persistência do trabalho exploratório- da ideia ao corpo, do corpo à ideia; o tempo passado juntos; a dúvida que se vai tornando tolerável; a tradução possível de cada um aos olhos de outro, sem esquecer o quanto há em nós de intraduzível.
A matemática transforma-se em dança. A matemática metáfora. É agora uma teia. Está em todas as coisas, como o afecto pode estar em todas as coisas. Como a possibilidade está em todas as coisas. Expandir é esticar os braços e a ideia. A matemática é o mote. O homem de vitrúvio é o mote. A proporção, a emoção, o outro é o mote. Da matemática dos livros à matemática da vida vai menos do que um pulo.
É preciso mais gente para trabalhar no invisível.

Esta foi a história que a Paula Garcia nos contou nesta Oficina. Com as palavras dela, mas com uma emoção parecida com a que ficou em nós depois de ouvirmos. Saltei umas linhas, eu sei. Para conhecer mais do Harmonia, é preciso empurrar a porta do teatro Viriato. De mansinho, porque ao que parece está sempre entreaberta.

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