7.3.10

OURO SOB A ÁGUA

Só me lembro que atrás de nós havia um morro, a mata
No centro, a música, o violão
Fazia frio e nuvens
se aqueciam pelo som.
Havia, entre outros,
uma água
um menino cortando cabelo na beira da casa
as tangerinas no pé.
Do grupo, um homem
me perguntava
sob a melhor forma
de começar um banho
sem reparar no profundo da questão

- Entro devagar
ou de uma vez por todas? perguntou
- Por todas, respondi
Não há céu ou inferno
que comece devagar.

Suzana Vargas,
em Brasil 2000 - Antologia de Poesia Contemporânea Brasileira