A Intervenção Precoce (IP) é uma medida de apoio integrado às crianças e famílias em risco, que tem como missão promover condições facilitadoras para o desenvolvimento da criança. Parte duma matriz comunitária, de intervenção no contexto natural da criança, para potenciar e reforçar competências familiares.
Ora, acontece que o governo se prepara para alterar este modelo de IP, reduzindo os apoios existentes às crianças com deficiência ou problemas graves de desenvolvimento e deixando de lado, mais uma vez, as crianças em "risco social". Isto é de tal forma vergonhoso que o coro de críticas não se fez esperar e ontem numa audição parlamentar, onde foram ouvidos vários especialistas sobre a matéria, registou-se a inquietação, indignação e preocupação.
"Preocupa-me muito que a IP seja limitada às crianças com deficiência. A minha experiência faz-me pensar que as crianças em risco social devem ser consideradas."
Ora, acontece que o governo se prepara para alterar este modelo de IP, reduzindo os apoios existentes às crianças com deficiência ou problemas graves de desenvolvimento e deixando de lado, mais uma vez, as crianças em "risco social". Isto é de tal forma vergonhoso que o coro de críticas não se fez esperar e ontem numa audição parlamentar, onde foram ouvidos vários especialistas sobre a matéria, registou-se a inquietação, indignação e preocupação.
"Preocupa-me muito que a IP seja limitada às crianças com deficiência. A minha experiência faz-me pensar que as crianças em risco social devem ser consideradas."
Armando Leandro, Presidente da Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens em Risco
"Se não se olha a tempo para situações menos graves, daqui a alguns anos elas vão engrossar a lista das necessidades que precisam de apoios mais especializados."
Teresa Brandão, Universidade Técnica de Lisboa
Tanto mais preocupante é o cenário, quando se sabe que em Abril deste ano a Associação Nacional de Intervenção Precoce (ANIP) lançou em ofício um apelo, muito bem documentado, com uma série de dossiers, ao Primeiro Ministro, que pelos vistos o ignorou completamente.
Aí pode ler-se:
"Na ANIP estamos há vários meses muito preocupados com o possível retrocesso da IP, para modelos ultrapassados, centrados na criança e nos seus deficits, dirigidos apenas a situações ditas de deficiência e ignorando os benefícios cientificamente provados de uma intervenção, o mais precoce possível, em situações de alto risco, concretamente ambiental, a ser desenvolvidos nas Instituições e não nos contextos naturais, inseridas nas rotinas da criança e da família."
Há por certo muitas melhorias a introduzir no actual modelo de IP, sobretudo ao nível da operacionalização e implementação efectiva, mas parece que nenhuma delas chamou à atenção do governo, apesar dos estudos e recomendações várias. O que se limita a fazer é a desvirtuação completa do modelo e a deixar à sua mercê aqueles que estão mais desprotegidos socialmente.
Como foi dito no Encontro "Pensar a Intervenção Precoce" (2002), "só a inovação a nível da formação, a implementação e difusão de modelos adequados, a colaboração/ coordenação entre serviços, a investigação e uma maior ligação entre investigadores e os profissionais do terreno permitirá um aumento da qualidade da intervenção precoce em Portugal".
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